sábado, 14 de fevereiro de 2009

Querida Alice,

Tem feito um calor vesuviano por aqui. Sob o sol quente e seco, pus sapatos e almofadas no quintal... fiquei por lá um tempo também, mais de uma hora, acho. Era meio dia, queria acabar com o que está mofado em mim. Parece que funcionou.
Gosto do cheiro de roupas secas ao sol... quaradas... ou simplesmente aquecidas sob os raios de Helius.
Também gosto das almas que por vezes passam um tempo sob o sol... Do mesmo modo que as roupas, quando secas ou mesmo aquecidas, perdem o cheiro de guardadas... de mofo. Ainda vivo na serra, e sei como as almas mofam quando o tempo fica nublado por muitos dias. Aconteceu comigo algumas vezes, por isso aprendi a superar, ou melhor, iluminar as coisas.
Minha alma, meus pensamentos, minhas emoções, minha conduta.
Hoje pela manhã, cheirei meu travesseiro de um modo diferente... por causa do meu suor... não do modo como faço compulsivamente com todos os vidros de xampú, cremes, perfumes que me veem à frente. Foi um cheiro adjacente, sem intenção direta, e que me trouxe um punhado de lembranças gostosas... inclusive do tempo em que minha avó quarava as roupas sobre as pedras que ficavam às margens do rio, próximo à casa onde morávamos... na roça.
Fico por aqui... um moço gostoso, cheiroso, jovial e másculo ocupa minhas vistas, meus ouvidos e meu pensamento.
Beijos com cheiro de sol.