domingo, 22 de setembro de 2013

Freedom

Querida Alice,
Boa noite.
Eis que a primavera se inicia. E com ela a promessa da renovação.
É a estação do ano quando a vida renasce. E observar a natureza renascer é um estímulo para promover a mudança pessoal, que acontece de dentro pra fora, que apara arestas e lapida o que ainda é bruto em nós.
Hoje, de forma mais intensa que nesses tempos recentes, repensei escolhas e atitudes. Percebi que mais que qualquer outra coisa, as batalhas que travei pela vida têm sido todas fundamentadas no exercício da liberdade.
Não uma liberdade leviana. Pois entendo que até para ser livre é preciso uma dose de compromisso. Mais que isso, uma disposição maior de assumir os riscos e arcar com as consequencias. Trata-se de algo impossível de dissimular, pois faz parte da minha natureza... e do que amo na natureza. Ser livre, pra mim, significa muito mais que fazer o que eu quiser, mas acima de tudo expressar a plenitude da minha essência sem me prender às amarras das convenções.
Prisão não me convém. Limites não me atraem... e inclusive escolho ser livre pra determinar os meus e ir até eles quando e como quiser, mesmo sabendo o quanto isso poderá custar.
Acredito que a liberdade confere um charme e uma beleza transcendentais que estão muito além dos olhos humanos. Conviver com a liberdade é algo mágico, envolvente e apaixonante. E na vida não há algo que me estimule mais... não há algo que me encante mais... não há algo que me prenda mais.
Então posso dizer que sou escrava da necessidade pela liberdade.
Tenho consciência de todas as perdas que sofri em nome desse desejo. Mas ao mesmo tempo, sei que nenhuma batalha ganha em nome da supressão da minha liberdade teria sido tão satisfatória quanto é saber que hoje eu posso escolher livremente onde colocar meus pés. E até onde eles podem me levar.
Que sorte é viver num mundo de pessoas diferentes, cada uma com seus encantos, cada uma com suas escolhas, seus ideais. E por mais que eu não concorde com algumas dessas escolhas... por mais que não me encantem alguns ideais, maior encantamento é perceber que a expressão individual e essencial está acima disso. E uma vez que não "somos ostras", que incrível é perceber que podemos mudar, evoluir, nos prender ou nos desgarrar a qualquer momento.
Então hoje, acima de tudo, minha escolha é ser livre. Pra agir, pra me expressar, pra desenvolver minha individualidade.
Quanto aos que amo... estejam livres pra não retribuir... Mas por favor, jamais exijam de mim que eu seja alguém que eu não sou... Não me impeçam de fazer algo que vai prejudicar somente a mim. Tenho consciência do peso das minhas escolhas, mas acima de tudo sei que é um fardo meu. Não admito que outros paguem ou sofram por algo que eu quero ser... fazer... viver. Meu amor tem o tamanho da minha liberdade... e cresce na medida que quero que ela cresça também. Mas se for engaiolado, reprimido, vai chegar num ponto quando ele vai definhar aos poucos e pode acabar morrendo. O que me nutre, me mantém e me sustenta é esse exercício diário e infinito de me lançar na vida, consciente de minhas falhas e limitações, certa das minhas responsabilidades e do custo das minhas escolhas. Mas principalmente livre pra ser exatamente quem eu sou!


domingo, 1 de setembro de 2013

Alice querida, boa noite!
Não posso dizer que agosto tenha sido um mês ruim... Senso comum que foi o mês mais longo, mais demorado dos últimos tempos... Intenso??? Foi demais!!! Ruim... não achei.
Descobri... dando minhas cabeçadas, meus murros em ponta de faca... Por entre os chifres nas cabeças de cavalo e os cabelos nas cascas dos ovos... Que difícil sou eu... custosa sou eu... morosa sou eu. E se eu não for, nada será.
Descobri que perdoar não significa esquecer, mas significa aceitar que as outras pessoas jamais serão o que esperamos delas. Mas que liberar o perdão leva junto uma tonelada de tranqueiras do quartinho da bagunça que a gente mantém nos fundos do coração. E meu Deus... o meu tava entupetado... com pequenas e grandes mágoas... doses cavalares de auto-piedade, remorsos, ressentimentos... historias antigas... coisas e gentes tão desnecessárias...


Então... abrir as portas do quartinho de despejos e liberar o que não me serve nem nunca servirá, trouxe uma leveza que há tempos não experimentava. Como se tivesse limpado o filtro pelo qual enxergo a vida... E as coisas acabaram se tornando tão mais nítidas... e ficou tão mais fácil descartar o que não é essencial... Que o mês dos "desgostos" se foi e eu, de verdade, não vi nenhum...