segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Feliz Ano Velho... Feliz Ano Novo!

Alice, querida.
Eu devia ter por volta de 15 anos de idade quando li pela primeira vez o livro "O Alquimista" de Paulo Coelho. Devorei algo em torno de cem páginas em uma noite. Isso faz parte de um longo período quando eu lia com voracidade qualquer coisa que caísse em minhas mãos. Uma época quando - me orgulho em dizer - que cheguei a ler todos os volumes possíveis de serem lidos por mim da biblioteca da escola onde estudava. Obrigada ao bulling que me transformou numa leitora contumaz e não numa serial killer...
Voltando ao "O Alquimista", tornei a lê-lo mais algumas várias vezes... avidamente ou não... buscando novos detalhes, ou simplesmente pelo prazer da leitura. Posso afirmar sem medo algum de parecer alienada que este é o livro da minha vida [salvo uma enorme exceção à Bíblia Sagrada que no meu entendimento não se enquadra na categoria de livro, mas de Manual de Instruções para a Vida... o Maior, o Melhor, o Único]. Enfim. Algo que ficou enraizado na minha conduta, no meu modo particular de ver a vida, é que cada um deve viver com plenitude sua "lenda pessoal". Acredito que cada um tem a sua... e deixar de vivê-la, por mais árdua que seja, não favorecerá em nada minha evolução espiritual. Acredito ainda que pior é querer viver a lenda pessoal de outrem. Entendo que a negligência às próprias experiências chega a ser mais doloroso que "carregar a própria cruz"... E entendi que algumas vezes a minha lenda pessoal é ajudar os outros a carregarem suas cruzes. Pode soar ambíguo... mas o meu entendimento foi além da ambiguidade e hoje é mais fácil saber separar minha lenda das dos outros... meu aprendizado do alheio. Pois, por mais parecidas que as histórias sejam... por mais comuns que as experiências se tornem, a evolução, o entendimento, são únicos... Portanto, ajudar o outro não significa viver pelo outro.
Devaneios filosóficos à parte... um hábito também enraizado a partir dessa leitura, é o de simplesmente parar para observar, meditar. Buscar o oculto que se esconde por detrás do obvio. Entender o sentido, o significado das coisas... Um gesto, uma atitude, algo que tenha sido dito... algo que tenha sido reprimido. A chuva, as aves, o vento, as flores e as folhas caindo das árvores aleatoriamente... aparentemente sem sentido algum. E por mais paranóico que isso possa parecer, pode até ter sido algum dia, é algo que hoje serve de alicerce profundo pra uma das minhas maiores crenças nessa vida: NADA ACONTECE POR ACASO.
Ai meu Deus, será que eu não poderia acreditar em algo um pouco menos clichê??? Não.
Sabe por que não??? Porque eu aprendi a lidar com as dores do mundo assim... acreditando que nada acontece por acaso.
Então, relembrando os anos passados, não tão distantes assim... e olhando pra vida ao meu redor hoje... é possível entender a razão de cada queda, de cada tropeço... de cada lágrima... e claro, de cada riso frouxo [minha especialidade ;) ].
E hoje, dia 24 de dezembro de 2013 vendo o vídeo de crianças cantando "Roar" da Katy Perry, vieram à tona algumas considerações sobre o que eu tenho vivido que talvez ainda não tivessem se consolidado firmemente em mim.
2013 é sem dúvida alguma um ano importantíssimo pra mim. Faz dez anos que eu perdi uma pessoa incrível... alguém que eu imito às vezes sem perceber, e que sempre que eu me vejo sendo mais rigorosa do que se espera, consigo me perdoar pelos excessos pois ela era assim... Brava, mas de uma doçura incomensurável... então eu acredito que toda essa rigidez tem sim uma carga gigante de amor. E eu sei que a gente só se desgasta sendo severo com quem se ama... É um gesto de atenção, de amor, que pode ser mal interpretado, mas é assim.
Falando em "incomensurável", 2013 também marca um dos episódios mais marcantes da minha juventude. Participar do Unimontes Solidária foi, e é, uma das melhores decisões que eu tomei na vida. E foi lá que além de encontrar amigos pra vida [isso é uma das certezas que esses anos me proporcionaram], foi nesse período que começou a quebrar a dormência da semente da Medicina em mim. Se hoje eu realizo esse sonho, grande parte da "culpa" disso foi ter participado do projeto...
Mas por que do vídeo ter sido o gatilho disso tudo??? Porque olhando os rostinhos às vezes não tão felizes das crianças hospitalizadas foi possível reforçar que a vida me dá um único holofote... e duas direções. Uma delas são os problemas... infalivelmente eles estarão lá. A outra, as soluções... infalivelmente também estarão lá. Apontar na direção dos problemas me fará entendê-los, e isso é importante, para aprender a lidar melhor com eles. Mas mantê-los sob meu foco, deixando as soluções na penumbra não vai adiantar de nada. Então chega uma hora que a gente precisa virar o holofote na direção oposta... e tentar clarear um pouco o outro lado da vida. O lado onde existem motivos pra sorrir, pra acreditar, que nos dão forças pra lutar.
Por isso hoje, faltando uma semana pra acabar o ano de 2013 entendo que os dias serão basicamente os mesmos... Contrariando as previsões escatológicas de que o planeta terá seu fim, os dias seguirão, um após o outro. Fará sol, ou ficará nublado, ou choverá... As noites, às vezes serão estreladas, outras vezes não. A lua, cumprirá seu ciclo de quatro fases... assim como a natureza... e do mesmo modo a vida, sem se importarem qual a cor do número no calendário...
E a vida, sim, seguirá seu curso, e a cada dia me apresentará um novo desafio inerente à minha lenda pessoal. E caberá a mim... e somente a mim, lidar com esses desafios. Não que todo dia a vida me apresente um problema... talvez, um dia ou outro, o desafio seja justamente conter a felicidade que explode dentro de mim... ou deixá-la extravasar. Cada vez que o sol se levanta... ou que ele se deita... é uma oportunidade de ampliar meus horizontes, enxergar além... entender que algumas coisas dependem de mim, outras não. E que o que vai mudar, unica e exclusivamente, é o modo como eu me posiciono diante do mundo.
Por isso, nesses 44' do segundo tempo [uau, como passou rápido]... eu desejo a mim, e a todos, que os holofotes estejam mais tempo sobre o que nos faz bem, o que nos faz sorrir, o que nos traz paz!!! Que os problemas continuem existindo, precisamos deles pra continuar nos sentindo vivos... mas que as soluções também existam... e que consigamos enxergá-las com clareza... com serenidade. E que no final das contas a gente consiga perceber que definitivamente, por pior que as coisas possam parecer, sempre haverá um motivo pra um sorriso, uma canção, uma dancinha. Eles [os motivos] sempre estarão lá, e tudo não passa de uma questão de posicionar nossos holofotes na direção certa... Afinal "I get de eye of the tiger, a fighter, dancingh throught the fire, 'cause I'm a champion, and you're gonna hear me roar... Louder, louder than a lion, you're gonna hear me roar"!!!
UM FELIZ 2014!!!